Reciclagem de garrafas pet geram negócios rentáveis



Desde que passaram a ser usadas na fabricação de embalagens, na década de 70, as garrafas pet ajudaram a alavancar o consumo de águas, sucos e refrigerantes. Feitas de resina de poliéster, elas são leves e resistentes e desobrigam os consumidores a devolver o recipiente nas lojas. Com o tempo, esse fácil acesso fez com que as garrafas se tornassem uma das maiores vilãs do meio ambiente. Isso porque, quando descartadas, elas demoram até 150 anos para entrar em decomposição na natureza.

Nos últimos anos, o desenvolvimento tecnológico abriu uma nova possibilidade de uso para esse material. Segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria do Pet (Abipet), mais de 500 empresas brasileiras utilizam garrafas recicladas para os mais variados fins. Melhor ainda: elas descobriram nisso um negócio rentável. Em 2009, metade das 461 mil toneladas das garratas pet fabricadas no País foram reaproveitadas na confecção de itens como telhas, tintas, piscinas, tubos, cordas e até roupas. Segundo a Abipet, a atividade movimentou no ano passado a cifra recorde de R$ 1,09 bilhão. "O Brasil é hoje um dos líderes nessa atividade, à frente dos Estados Unidos e União Europeia", afirma Auri Marçon, presidente da Abipet.

De acordo com dados da entidade, a reciclagem do material cresceu 20 vezes de 1994 a 2008 e esse número poderia ser ainda maior se houvesse um sistema de coleta seletiva mais eficiente. "Muitas embalagens são descartadas em lugares impróprios, enquanto poderiam ser usadas nas indústrias."

Uma empresa que está lucrando com o uso de pets é a fabricante de tintas Suvinil, do grupo Basf. A cada ano, cerca de 50 milhões dessas embalagens são retiradas do meio ambiente para se transformar em esmaltes e vernizes fabricados pela companhia. "Investimos US$ 3 milhões na adaptação de nosso sistema produtivo, com a compra de máquinas e parceria com fornecedores", afirma Wagner Milan, gerente de produção da Basf. Entre as vantagens da iniciativa, adotada desde 2002, está a redução de 40% da quantidade de água gerada na produção. "As pets substituem dois materiais que comprávamos em dólar", explica Milan.


"Além de não termos mais custo variável na produção, a troca dá às tintas um melhor brilho e resistência por conta dos componentes químicos que há nas garrafas recicladas."

Também foi com o intuito de transformar lixo em lucro que o engenheiro eletrônico Luiz Antonio Pereira Formariz investiu R$ 3 milhões em uma fábrica de telhas de plástico reciclado. Criada em 1998, a Telha Viva fatura R$ 1,3 milhão por ano com a venda de 360 mil peças para 80 representantes espalhados pelo País. O segredo do produto, diz o fabricante, está na leveza e durabilidade do material. O problema é que a telha de garrafas pet custa o dobro do modelo convencional, desafio que a indústria busca resolver com a aplicação de novas tecnologias. Até roupas já são feitas a partir do pet. A grife Coca-Cola Clothing, resultado do licenciamento da marca Coca-Cola para a AMC Têxtil, utiliza o material na produção de camisetas promocionais. Com mensagens remetidas ao cuidado com o meio ambiente, as peças são encontradas em 980 pontos de vendas Brasil afora. "É uma maneira de a fabricante atrelar a marca a uma postura empresarial sustentável", diz André Jorio, diretor da AMC.

Tatiana Vaz
Istoé dinheiro

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